Nos últimos anos, uma pergunta tem se tornado cada vez mais frequente
entre líderes e profissionais de RH: por que os jovens
demonstram menos interesse pelas vagas CLT tradicionais? A resposta passa por mudanças profundas na forma como as novas gerações
enxergam trabalho, carreira e qualidade de vida. Compreender esse movimento
deixou de ser opcional — tornou-se estratégico para quem deseja atrair talentos
em um mercado cada vez mais competitivo. 1. Flexibilidade
vale tanto quanto salário. Para muitos jovens, a rigidez
associada à jornada CLT é um dos principais fatores de afastamento. Horários
fixos, controle excessivo de presença e pouca autonomia entram em choque com
uma geração que cresceu conectada e acostumada a resolver problemas de qualquer
lugar. Trabalho híbrido, remoto e flexibilidade de horários deixaram de ser
diferenciais e passaram a ser expectativas básicas. Quando a vaga CLT aparece
ligada apenas ao “bater ponto”, perde atratividade frente a modelos mais
flexíveis. 2. Carreira linear
não combina com um mundo acelerado O modelo tradicional de
carreira — entrar na empresa, aguardar promoções graduais e permanecer anos no
mesmo cargo — já não dialoga com o ritmo atual. Jovens buscam aprendizado
rápido, diversidade de experiências e evolução visível. Muitos preferem
projetos, trabalhos temporários ou múltiplas fontes de renda a um vínculo que,
na percepção deles, limita experimentação e crescimento. Como destacou Zygmunt
Bauman, “vivemos tempos líquidos”, e isso se reflete diretamente na
forma como as pessoas se relacionam com o trabalho. 3. Segurança já não
é sinônimo de estabilidade emocional. Durante muito tempo, a
CLT foi vista como sinônimo de segurança. Para os jovens, essa associação
mudou. Crises econômicas, demissões em massa e constantes reestruturações
mostraram que nenhum vínculo é totalmente estável. Em contrapartida, saúde
mental, propósito, ambiente saudável e equilíbrio entre vida pessoal e
profissional ganharam peso nas decisões de carreira. Quando a vaga CLT não
entrega esses elementos, o registro em carteira, por si só, deixa de ser
atrativo. Isso não significa que a CLT perdeu sua importância. O que mudou foi
o critério de escolha. Os jovens não rejeitam o regime, mas sim modelos engessados, culturas
tóxicas e promessas vagas de crescimento. Empresas que revisam sua proposta de
valor, investem em pessoas, oferecem flexibilidade real e criam ambientes de
aprendizado contínuo conseguem, sim, atrair essa nova geração. Porque, no fim
das contas, não é que os jovens
não queiram trabalhar — eles só não querem trabalhar do jeito antigo. E é justamente aí que está o nosso desafio: repensar práticas,
discursos e modelos para atrair esses jovens talentos. Na próxima semana, vamos aprofundar esse tema e
discutir como as empresas podem se tornar mais atrativas para essa nova
geração. Combinado?