Chegamos ao grande final da
nossa série sobre o dicionário de competências da Sólides — e, como todo bom
encerramento, deixei uma das mais humanas (e desafiadoras) para o fim: a
Orientação por Relacionamentos. Essa competência revela o quanto uma pessoa se
desenvolve por meio das conexões que constrói e o quanto prioriza essas
relações em suas atividades. Em outras palavras, é a habilidade de transformar
convivência em resultado. No mundo corporativo, onde prazos apertam, demandas
acumulam e agendas parecem ter vida própria, relacionamentos podem parecer “um
detalhe”. Mas são justamente eles que sustentam o fluxo das coisas. Peter
Drucker já alertava: “As organizações só existem por causa das pessoas. ” E
pessoas, bem… só funcionam em rede. Quanto maior a qualidade das interações,
maior a fluidez do trabalho — é quase uma lei da física humana. Imagine um
ambiente de trabalho onde cada um opera no seu quadrado, sem trocas, cooperação
ou boa vontade. Tudo vira retrabalho, ruído e mal-entendido. Agora pense no
contrário: alguém que circula, aproxima, conecta informações, acalma tensões e
facilita conversas. Este profissional não apenas trabalha bem — ele faz os
outros trabalharem melhor. Essa é a essência da Orientação por Relacionamentos.
E não se trata de ser “simpático” o tempo todo ou viver socialmente hiperativo.
É sobre entender que resultados passam por gente. É saber ouvir sem defender
posição, pedir ajuda sem constrangimento, dar feedback com respeito e celebrar
pequenas vitórias com entusiasmo. Como lembra Daniel Goleman: “A qualidade das
relações é o que determina a qualidade da liderança. ” E, no dia a dia, todo
mundo lidera alguma coisa — um processo, uma entrega, uma ideia. Desenvolver
essa competência é mais simples do que parece: perguntar genuinamente como o
colega está; reconhecer esforços; compartilhar conhecimento; convidar para
cocriar em vez de impor; buscar soluções conjuntas; e — talvez o mais difícil —
admitir erros quando necessário. Pequenos gestos constroem grandes pontes. No
fim, Orientação por Relacionamentos não é sobre ter mais amigos no trabalho,
mas sobre criar ambientes onde as pessoas funcionam melhor juntas. Quando isso
acontece, a produtividade deixa de ser uma cobrança e vira consequência. E
assim encerramos nossa jornada pelo dicionário de competências da Sólides. Neste
mês de dezembro vamos enfocar as tendências do mercado de trabalho para o
desafiador ano de 2026. Combinado?
Referências
DRUCKER, Peter. The Practice of Management. New
York: Harper & Row, 1954.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional.
Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.